1 de fev. de 2016

ENTREVISTA DE DOMINGO: Ione Paulo Sartor

"A experiência de vencer, ser campeão é espetacular, mas nada como em 1975, quando a TV mostrou pela primeira vez o futsal e para nossa felicidade fizemos um Jogos Abertos simplesmente irretocável, merecíamos mesmo sair como Campeões." A frase é de um dos maiores jogadores da história do futebol de salão de Campo Mourão e do interior paranaense, na década de 70. 
Estimado, admirado, Ione Paulo Sartor é uma lenda no esporte mourãoense. Quem o viu jogar diz que ele era excelente. Fora de quadra um cidadão de personalidade e caráter. Ione ex-bancário, marcou época no então futebol de salão jogando por várias equipes como Associação Tagliari e Seleção Mourãoense. Foram dele os gols de pênaltis que determinou em 1975 a vitória e o título de campeão dos Jogos Abertos do Paraná (JAP´s) em Paranavaí, sobre Maringá. Conheça um pouco da história deste gaucho de nascimento e mourãoense de coração na ENTREVISTA DE DOMINGO no Blog do Ilivaldo Duarte.


QUEM É IONE PAULO SARTOR? Sou gaúcho
de Veranópolis, nasci em 25 de janeiro de 1953. Sou separado, com um casal de filhos maravilhosos. Sou um cara tranquilo, que só quer ter uma velhice em paz, com respeito e sinceridade no trato com as pessoas. Tendo sempre como prioridade a família.
Nota do Blog

Veranópolis está na microrregião de Caxias do Sul, conhecida como a capital brasileira da longevidade e a Princesa dos Vales. O nome da cidade vem da junção de "veraneio" com o termo grego pólis, que significa "cidade". Portanto, "Veranópolis" significa "cidade de veraneio". A maioria dos habitantes é descendente de imigrantes italianos, seguidos de poloneses e de outras etnias. 
ONDE E COMO FOI SUA INFÂNCIA? Em Araruna (PR),  ajudando meus pais no hotel, jogando bola, atirando peão, bolinha de gude, empinando papagaio, jogando betes, e estudando.

COMO FOI SUA JUVENTUDE? Também em
Araruna, cidade pequena e pacata, jogando bola sempre, trabalhava em escritório de contabilidade aos 12 anos e depois Banco Comercial do Paraná aos 13 anos, indo a missa com os pais todos domingos e feriados. Ouvíamos música no rádio cujas poucas estacões pegavam e num gravador de fita cassete, na época era muito comum todas as sextas-feiras fazer serenata, lembro que tentei aprender a tocar soprofone e órgão eletrônico para poder tocar nas Serenatas, mas fui reprovado a professora disse que tinha habilidade, mas, não ouvido para música.
DESDE QUANDO EM C. MOURÃO? Cheguei em Campo Mourão pois tinha passado no concurso do
Banestado, depois Banco do Brasil,  estudei no Colégio Estadual, com professores Martello, Piazza e Ivone Brascka dos que me recordo de momento. Depois fiz vestibular em Maringá, estudei Economia e me formei. No Banestado, exerci funções de responsabilidade e subgerência, em seguida no Banco do Brasil, passando de funcionário iniciante até supervisor de  área, até o ano de 1972.
Depois por motivo de estudar os filhos transferido para Curitiba. 
O QUE NÃO FARIA DE NOVO? Dentro da atividade que exercia no Banco do Brasil, não faria de novo, tentar mostrar que lá fora já existia um banco diferente daquele que nós trabalhávamos, seria menos contestador e mais passivo. Ouvir mais, e perceber melhor o que aquele ambiente te proporcionava de possibilidades para crescer.
COMO ENTROU NO FUTSAL? Eu era jogador de futebol de campo em Araruna, muito jovem ainda, já era artilheiro para minha felicidade, meu pai comandava o esporte naquela localidade. Lembro que fui o primeiro jogador a fazer gols na inauguração do estádio Willie Davis em Maringá, éramos campeões da liga e fizemos a preliminar.
Daí o futsal, começou a entrar com força no estado, lembro que em Terra Boa tinha um timaço e lógicamente as grandes cidades também. Daí fizeram em Araruna um campo de terra ainda e o Tagliari foi jogar lá.
Lembro que fiz alguns gols e chamei a atenção do pessoal. Mas, foi a Madeireira Cima, através dos irmãos Celso e Nenê Ferrari que me chamaram para disputar o campeonato em Campo Mourão. 
Era um time muito forte e fomos os campeões daquele ano. Tinha no time que me recordo assim rapidamente o Adionir (Adio) o irmão dele que agora me foge o nome, os irmãos Ferrari. 

Concomitante jogava futebol de campo, passei pelo Mourãoense, Camisa 10,  DER e em seguida fui convidado pelos Tagliari para jogar torneios e campeonatos a nível Estadual. 

Daí me firmei como pivô, revezando sempre com outros feras da posição, como Luizinho Kloster, Luizinho Ferreira Lima e Severo.
E A VIDA DE BANCÁRIO? Fui Bancário todo meu tempo de trabalho como já disse iniciei aos treze anos no
Banco Comercial do Paraná, depois Banestado e por ultimo Banco do Brasil. Participei desse mundo já conhecendo uma grande parte dos clientes, pois o esporte te propícia essa facilidade de fazer amigos. E nessa vida de bancário exerci vários cargos de chefia, onde o aprendizado é sempre constante. Lidar com clientes, colegas, em resumo lidar com gente sempre me fascinou.
QUE FATO MAIS GOSTOU? Lembro-me que naquela época o Banco financiava tudo para o agricultor,
com juros baixos, mas, o mini e o pequeno tinham dificuldades de obter créditos. Daí o Banco criou Postos Avençados para atendimento a esse público específico em muitos locais pelo país e na nossa região eu fui trabalhar um tempo em Iretama. Foi árduo o trabalho, começávamos as
sete da manhã e íamos dormir sempre depois da meia-noite, ali passam clientes que tinham meio alqueire. 
Recordo que o maior financiamento foi de cinco alqueires de algodão, plantavam milho e feijão também. Foi por demais gratificante atender essas pessoas simples, cujas casas não tinham assoalhos, era terra batida mesmo, faziam questão que fossemos jantar com eles. 
Foi realmente um período que marcou a todos, pois vimos o crescimento da cidade que nada tinha e as pessoas podiam financiar o plantio e o investimento na lavoura, tipo um cavalo, um boi, uma vaca, um carrinho, uma plantadeira de mão e etc. Isso com certeza destaco na minha vida bancária. 
IMPORTÂNCIA DO FUTSAL? Na nossa época de 1970 a 1985, só para destacar um período, penso que foi o período áureo do futsal, tínhamos muitas competições e ótimos times -destaco Cacique de Londrina que era o papa-tudo, mas, nas minhas lembranças ele nunca nos venceu.
Poucas vezes jogamos, mas, quando aconteceu, superávamos tudo e vencíamos. Mas, cada cidade tinha dois a três times, então era impressionante como o futsal cresceu. Quando o esporte foi profissionalizado caíram muito as competições, porque envolve sempre muito dinheiro. Naquela época, as cidades e o estado eram fartos de pessoas que curtiam e amavam o esporte. A partir momento que envolveu dinheiro caiu e muito sua beleza. 
FATOS QUE FICAM NA MEMÓRIA? A
experiência de vencer. Ser campeão é espetacular, mas nada como em 1975, quando a TV mostrou pela primeira vez o futsal e para nossa felicidade fizemos um Jogos Abertos simplesmente irretocável, merecíamos mesmo sair como Campeões. Na foto, Ione com o narrador e jornalista Fiori Luiz, que narrou a conquista do título de 1975 pela TV Tibagi. Fiori continua na ativa, narrando e apresentando programas na rádio Paiquerê e escrevendo na Folha de Londrina. 
Mas, as experiência que não saem mesmo da memória, foi o pós-título: as pessoas na rua, no trabalho, parecíamos atletas mesmo, com autógrafos, festas, festividades em quase todas cidades do Paraná. Éramos convidados a inaugurar ginásios de esportes, até me recordo que fomos inaugurar um ginásio no estado de São Paulo, tudo fruto do que a TV mostrou. Então Tagliari e Campo Mourão eram muito conhecidos e parecíamos protagonistas de verdade.
QUAL ESPORTE, ÍDOLO E TIME? Bom, hoje eu só jogo tênis de campo, então passou a ser meu esporte preferido, mas aprecio e vejo todo tipo de esporte.  Meus ídolos são Roger Federer (Tênis campo), Pelé (Futebol), meu time do coração é o Palmeiras.Mas também sou Gremista.
E no futsal meus ídolos são meus companheiros de equipes por onde passei. Cima, Tagliari, AABB, Auto Eletro Paulista.
COMO VÊ O BRASIL? De maneira muito triste ver que pessoas escolhidas por nós, nada fazem para justificar o voto recebido, e isso já faz tempo. Mas, agora a corrupção instalou-se em todas as esferas. Só venha a nós o vosso dinheiro. 
QUAL MANCHETE MARCOU HISTÓRIA EM SUA VIDA? Destruição das torres gêmeas. O que o homem não faz por ideologia.
UM MOMENTO NA SUA HISTÓRIA? Momento maravilhoso é o nascimento dos filhos.Momento triste e ruim é a perda de alguém no meu caso meu falecido pai, meu herói.
QUAL JOGADA QUE SE PUDESSE NÃO TERIA FEITO? Os pênaltis em 1976 no Belin Carolo, nos Jogos Abertos daquele ano, na verdade teria feito sim, mas, teria mais calma e observaria melhor. 
QUAL MELHOR TIME QUE JOGOU? Com certeza foi o Tagliari, que era sempre uma seleção dos melhores, penso eu.
COMO É LEMBRAR QUE COMO JOGADOR PARTICIPOU DA  PRIMEIRA CONQUISTA MOURÃOENSE EM JAP´S? Como relatei acima, foi simplesmente fantástico vencer e poder dar alegria a uma cidade inteira.
COMO FOI VESTIR A CAMISA DA ASSOCIAÇÃO TAGLIARI? Algo também muito importante e recompensador, pois ali nos sentíamos como se fosse uma família, eles faziam a gente ser parte dela. 
O QUE AINDA NÃO FEZ, QUE SE TIVESSE CONDIÇÕES FARIA? Queria ter uma forma de poder ajudar as pessoas necessitadas.
TRÊS PERSONALIDADES ESPORTIVAS EM CM? Artur Kunioshi (Na foto, ao lado dos companheiros da Associação Panela - Valdemor Vigilato e João Teodoro, recebendo homenagem do programa Tocando de Primeira), Carlão e Itamar Tagliari.
TRÊS PERSONALIDADES EM CM? José Aroldo Galassini, Tauillio Tezelli e Dr. Antonio Sérgio Rebeis (foto, em evento no Lions Clube de Campo Mourão).
JOGO RÁPIDO 
ÉTICA é respeito, educação e base para uma vida limpa.
MOMENTO ATUAL MINHA VIDA é de paz, tranquilidade.
MÚSICA?MPB.
LIVRO?  Os três Mosqueteiros.
AUTOR? Alexandre Dumas.
PROFESSOR? O Espelho.
SONHO? Família sempre feliz.
HOBBY? Pescar lambaris.
SAUDADE?Pescaria com meu falecido Paizão, meu herói.
MOMENTO INESQUECÍVEL? Nascimento filhos.
MANIA? Pensar mais nos outros do que em si próprio.
PROGRAMA? Viajar com filhos.
TÍTULO? Fácil demais, em 1975 - Campeão dos Jogos Abertos do Paraná em Paranavaí.
FRUSTRAÇÃO? Perder em 1976 dentro casa nos pênaltis ainda.
FAMÍLIA é o motivo da vida.
RELIGIÀO é a paz do espírito.
A CAMPO MOURÃO DO PRESENTE é uma tragédia, um buraco imenso.
A CAMPO MOURÃO DO FUTURO SERÁ.... uma cidade limpa, urbanizada e reconstruída para o povo.
QUAL SENTIMENTO EM RECEBER ESTA HOMENAGEM? Felicidade e poder mostrar um pouco mais da pessoa.
QUEM GOSTARIA DE VER HOMENAGEADO NO BLOG = James Francisco Klank ou Ivando Capato, o "Rancho" - na foto com Lauri Ribeiro, após receber o troféu Tocando de Primeira 2000 por ocasião dos 25 anos do título dos JAP´s 75. 
QUAL RECADO PARA LEITORES DO BLOG = Prestigiem sempre esse blogueiro, porque ele faz e pensa com dignidade e sabedoria, pois manter viva a memória das pessoas é algo NOTÁVEL.

O QUE DIZEM SOBRE O IONE.
"Foi um dos pivôs mais difíceis de marcar, se deixasse a bola chegar nele por baixo ou por cima era fatal e para que isso não acontecesse usei muito a antecipação, para não deixar a bola chegar nele. Ele se protegia muito bem. Baita artilheiro" -Antonio Admir Fuzeto, o "Beline". 
"Foi o atleta de futebol de salão mais habilidoso com quem tive o prazer de jogar, todos sabiam que o biotipo do Ione não era o ideal para se praticar o futebol de salão, porém sua técnica e visão de jogo era tão refinada que compensava em muito seu biotipo. Artilheiro nato, seus gols eram diferenciados, pela potência de seus chutes e principalmente pelas bolas bem colocadas, por ser ambidestro e possuir um excelente domínio da bola, tinha grande facilidade de colocar as bolas com categoria no contrapé dos goleiros! No popular "matava os goleiros". Quem o viu jogando, sabe muito bem disso", Paulo Gilmar Fuzeto.
"Quando tinha 16 anos conheci o Ione, nos campeonatos de futebol de salão na Cancha Itacir Tagliari. Aprendi a admirar aquele atleta diferenciado, quando ao peso e a capacidade de fazer. Aos 20 anos fui aprovado no concurso do Banco do Brasil. Lembro quando disse na época, 1980, ao meu pai que iria ganhar menos do que ganhava no emprego que estava mas iria trabalhar no Banco do Brasil, pois queria jogar bola com o Ione e o Ranho. Isso se realizou, no futsal e no futebol suíço. Como homem de caráter que é, o Ione me ajudou muito no BB. Sempre tive o sangue muito quente e o Ione me aconselhava como um pai. Agradeço a Deus por ter colocado essa grande pessoa na minha vida. Com certeza, o Ione me ajudou a ser quem eu sou e buscar a harmonia nas minhas atitudes do dia a dia. Parabéns, Ione Paulo Sartor! Você é um grande filho de Deus", Lauri Ribeiro. 



5 comentários:

  1. Valeu demais tudo isso, estou emocionado e feliz, pois apesar do tempo passar, sempre fica a lembrança das coisas boas que fizemos.
    Beline, Gilmar e Lauri obrigado de coração pelos elogios e deferencias. Vcs são realmente amigos de verdade. Abraço.

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  2. Tive o prazer de trabalhar com o Ione, exemplo de ser humano.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Eu tenho o privilégio de ser amigo do Ione e posso garantir que ele é um cara sensacional, com todas essas qualidades descritas na entrevista e ainda joga tênis melhor do que jogava Futsal. Grande Ione, merecida homenagem.

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  5. Ione marcá-lo era difícil, mas jogar ao seu lado, era bom demais era a bola chegar em você, em seguida correr para o abraço. Me lembro em 1972, JAPS Arapongas, íamos joga com Apucarana, dos temiveis irmãos Clovis e Clodoaldo, nós com uniformizinho feio que doia, Apucarana entrou em cancha com um Uniforme lindo vermelho com detalhes azuis, foi de arrepiar. Mas começou o jogo e com 10 min. ja venciamos por 4 X 0, não me lembro, mas a maioria dos gols sairam de seus pés, final 4 X 1 para nós. Obrigado meu GRANDE ARTILHEIRO E AMIGO.

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