18 de dez. de 2014

GERSON MACIEL: De vício a paixão, o rádio

O fascínio pela radiocomunicação iniciou no banco escolar, mais especificamente nas aulas de português. As várias noites e madrugadas que passou com o seu inseparável companheiro, um radinho a pilha que ganhou da mãe, o despertou para o meio. Com o tempo adquiriu naturalmente habilidades em comunicação apenas pelas horas que passava ouvindo programas radiojornalísticos. Desde garoto era um sucesso com o ‘jornalzinho’ falado da escola. Pudera, o rádio já era um vício em sua vida. 
Ele é pequeno no tamanho, mas gigante na voz. Estamos falando de Gerson Maciel, 47, um dos radialistas mais bem conceituados de Campo Mourão. Em homenagem ao Dia do Radialista, comemorado oficialmente no dia 7 de novembro, a ‘Revista Estação’ conversou com Maciel, que falou de sua paixão descomunal pelo meio.
O caso de Maciel com o rádio é bastante antigo. Está em seu sangue. Ele dormia com o aparelho na cabeceira da cama. Os rádios da mãe não paravam inteiros. “Ela comprava e eu os desmontava inteirinho. Eu tanto gostava de ouvir rádio como gostava do aparelho. Então eu dormia e acordava ouvindo rádio”, disse. Na época, lembrou, as programações não eram 24 horas como hoje, ou seja, a meia noite as transmissões eram encerradas.
Mas apesar de cultivar a paixão desde muito cedo, foi apenas aos 17 anos, em meados de 1986, o primeiro contato com uma rádio profissional, na época a Rádio Colméia (AM), onde transmitia flashes do esporte – curtas informações. Até hoje ele trabalha na emissora. Faz muito sucesso com o programa ‘Feirão Colméia’, há 25 anos no ar.  Seu grande incentivador foi Idevalci Ferreira Maia, o conhecido professor Idê da cidade. “Ele sabia que eu tinha facilidade e desenvoltura com a comunicação e me levou com ele para os jogos escolares, na época em Umuarama. Voltando de lá me apresentou ao pessoal da rádio. Eles gostaram de mim e foi aí que minha carreira iniciou”, recordou. A preferência de Maciel no rádio sempre foi por reportagens e programas esportivos.
Desafio
Os desafios ao comunicador do rádio são inúmeros. No entanto, para Maciel, talvez o maior seja o de se manter no mercado. “Sempre existiram, porém hoje é mais comum,  pessoas que apenas têm admiração pelo rádio e veem no meio uma chance financeira, ou até mesmo por questões políticas, acabam se sobrepondo ao radialista”, polemizou, se referindo aos conhecidos ‘picaretas do mercado’, pessoas inabilitadas e muitas vezes inaptas que mesmo assim ocupam o espaço.
Credibilidade
Com 28 anos de carreira, a credibilidade profissional na vida de Maciel, surgiu naturalmente. Porém, o radialista disse que sempre se preocupou com isso. Segundo ele, o comportamento inadequado de alguns profissionais acaba respigando em toda a classe.  “Alguns, por serem ótimos profissionais e terem um bom relacionamento com o público e políticos abusam um pouco e acabavam manchando a classe. Eu sempre tracei um paralelo, de como fazer para ser igual a ‘este’ e não ‘aquele’”, disse.
Cobertura marcante
            Qual radialista que não carrega na memória a cobertura mais marcante de sua vida. Com Maciel não é diferente. Entre tantas, ele destacou para as transmissões dos jogos da extinta Adap de Campo Mourão no Campeonato Paranaense de 1996. O time foi vice-campeão da competição, deixando grupos muitos maiores e mais fortes para trás. “Além deste, tivemos muitos outros momentos especiais”, argumentou.
Futuro
Apesar de tantas mudanças nos meios de comunicação, Maciel vê o futuro das rádios AM’s com otimismo. Segundo ele, havia uma preocupação quando a FM surgiu. Havia temores de que a AM perderia espaço, o que não ocorreu. “Com a chegada da internet imaginou se também que poderia ser o fim. Mas pelo contrário foi bom porque hoje a AM está na internet”, disse.
Ainda segundo ele, a adesão do padrão AM com FM, onde a rádio AM pode passar para FM, melhorará a qualidade de transmissão, principalmente em termos sonoros. “Então eu não vejo com pessimismo. Se não melhorar em termos de chegar a mais lugares, pelo menos acredito que vai se manter”, explicou.
O Dia do Radialista
Com a mudança imposta por uma lei federal em 2006, os radialistas passaram a ter duas datas para comemorar, além do tradicional Dia do Rádio (25 de setembro). O dia 21 de setembro virou uma data simbólica e 7 de novembro a oficial. A mudança aconteceu em decorrência a uma homenagem ao músico e radialista Ary Barroso.
O profissional radialista trabalha com os meios de comunicação, especialmente com o rádio, como o próprio nome sugere, embora possa atuar com televisão e afins. Apesar de a primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil ter ocorrido em 1922, no estado do Rio de Janeiro, a profissão foi regulamentada apenas em 1978, pela lei 6.615.
Além das transmissões e locuções pelo rádio, o radialista acaba desempenhando diversas outras funções dentro do setor de trabalho, podendo ser responsável, ainda, pelas áreas de direção, roteiro, criação, entre outros. Ademais, é importante lembrar que o ouvinte não pode ver a pessoa através do rádio, o que torna a sua voz o único instrumento para atrair a atenção.
Algumas características desejáveis para o exercício da profissão de radialista:
* Boa dicção; * Domínio pleno da língua portuguesa falada; * Empatia; * Boa expressão; * Saber trabalhar sob pressão; * Agilidade de raciocínio; * Sensibilidade; * Boa voz; *  criatividade; * Facilidade em lidar com o público; * Estar diariamente atualizado; * Conhecer as necessidades e os desejos do público.
Fonte: Revista Estação. Texto jornalista Walter Pereira. 

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