10 de fev. de 2014

NA REVISTA METRÓPOLE, o "China" do basquete

O basquete mourãoense é um dos responsáveis por levar positivamente o nome de Campo Mourão para todo o Brasil, graças ao trabalho realizado há alguns anos pela Associação Mourãoense de Basquete – Amobasquete. Conversamos com Edson Hirata, o “China”, um dos precursores da profissionalização do esporte em nossa cidade. Ele está afastado desde 2011 da associação, mas ainda assim é um dos mais lembrados quando se fala em basquete mourãoense.
Metrópole: Como começou sua carreira no esporte?
China: Na década de 80 era comum jovens esportistas praticarem várias modalidades. Em Astorga, onde passei minha infância, não era diferente. Eu jogava futsal, tênis de mesa, basquete e vôlei. Acabei me apaixonando pelo basquete e por isso, tentei ser atleta até os 17 anos. Essa paixão me motivou a cursar uma faculdade de Educação Física. Na faculdade, logo no primeiro ano, comecei a dar aulas em escolinhas de iniciação ao basquete e quando terminei a faculdade já tinha a ideia de ser técnico de basquete. Fiz faculdade na UEL, entre 1990 e 1993.
Metrópole: China, como começou sua história com o basquete mourãoense?
China: Em 1995 eu era professor de Educação Física da UTFPR, na época, CEFET. Comecei a treinar o time de basquete da escola e essa equipe ganhou uma competição municipal e consequentemente teve o direito de ir para uma competição regional, representando o município. Em 1997 fui indicado para assumir a seleção masculina de basquete de Campo Mourão. No primeiro ano perdemos de todo mundo. No segundo ano a gente já brigava para ficar entre os 4 melhores do Estado, em algumas categorias. Daí para frente, sempre tínhamos equipes competitivas, ficando entre as 4 primeiras do estado. Fui técnico das seleções masculinas de basquete entre 1997 e 2008.
Metrópole: Quais personalidades influenciaram sua carreira?
China: Quando era atleta me espelhava no Oscar, Magic Johnson e Michael Jordan, que eram os ícones da época. Como técnico, não teve um profissional específico que influenciou minha maneira de trabalhar. Quem me inspirou muito foram os meus próprios adversários. Eu tentava aprender com a experiência de cada técnico que enfrentava. Lógico que também me ocupava estudando o que os técnicos de alto nível faziam, mas era mais difícil aplicar nas categorias de base.
Metrópole: Durante a sua trajetória à frente do basquete de Campo Mourão, quais foram os momentos mais marcantes?
China: Vou selecionar quatro momentos. O primeiro é a temporada de 2001. Fomos campeões estaduais e dos Jogos da Juventude e vice-campeões brasileiros escolares com a equipe sub17 (nascidos até 1984). Essas conquistas nos renderam homenagens da Câmara de Vereadores e do Governador do Estado. Outro momento importante foi a convocação de 15 atletas de Campo Mourão para a Seleção Paranaense, entre 2001 e 2006. A terceira conquista é considerada particular, pois fui premiado pela Federação Paranaense de Basketball como melhor técnico adulto do estado em 2006 e como dirigente destaque em 2008, mas, que tenho ciência que só aconteceu graças ao esforço coletivo de atletas, dirigentes esportivos e torcedores. Por fim, o mais importante: a criação, em 2008, da Associação Mourãoense de Basquete, entidade que conseguiu reunir voluntários para organizar profissionalmente o basquete e que está, dia-a-dia, provando que era o caminho correto. A Amobasquete possibilita buscar recursos em outras fontes, como a lei de incentivo ao esporte municipal e federal e, ao lado da FECAM, é a grande responsável pelo sucesso da modalidade na atualidade.
Metrópole: Como você se sentiu ao ver a possibilidade de Campo Mourão participar da Liga Brasileira de Basquete?
China: É um grande sonho que está se tornando realidade. Em 2005, na parede do ginásio de esportes JK, havia um desenho de uma bola de basquete acompanhada do seguinte escrito: “Campo Mourão na Liga Nacional, eu acredito”. Muitos não acreditavam, faziam comentários sarcásticos. Era um sonho. Mas, eu acredito que um sonho, a partir do momento que muitas pessoas começam a sonhar juntos e lutar por isso, a possibilidade de se tornar realidade aumenta. Foi o que aconteceu. Agora não é mais sonhar com a liga. É trabalhar, pois isto está próximo de se tornar realidade. Cada dia que passa está sendo colocada uma pedrinha a mais para que isso aconteça. As grandes empresas apoiam o projeto porque é um produto vitorioso, de credibilidade, que proporciona retorno publicitário, através do marketing esportivo. Além disso, o projeto tem força política e apoio da nossa comunidade, que enche o ginásio em dias de jogos.
Metrópole: Você disse que desde 2011 está afastado do basquete. O que você está fazendo nesse tempo?
China: Sou professor de Educação Física e Qualidade de Vida na UTFPR, onde também tenho algumas atribuições ligadas ao esporte. Ainda no meio acadêmico, me dedico a obter uma vaga em um doutorado, numa segunda tentativa, já que na primeira oportunidade não obtive êxito. Além disso, sou sócio de uma empresa, a Fibra Fio Uniformes. Tenho dedicado também muito tempo à vida familiar, com minha esposa Shirley e meus dois filhos: Rafaela, de 14 anos, atleta de ginástica rítmica, e o Luís Fernando, 8 anos, que treina na Escolinha de Futsal da Vila Urupês, com o Reinaldo “Gordo”.
Metrópole: Nas suas horas de folga, você joga basquete?
China: Até uns 5 anos atrás eu brincava, mas em função dos estudos, eu me afastei. Gostaria muito de voltar, pois tenho bons amigos no rachão do basquete.
Metrópole: Considerações finais.
China: Gostaria de ressaltar que o basquete hoje é conduzido por outras lideranças, como o presidente da Amobasquete, Nelson Martins, seu vice, Roque Burim, e demais diretores. Eles estão dando continuidade ao projeto e fazendo o basquete crescer, tomar rumos cada vez mais profissionais. Estão construindo alicerces para a modalidade disputar um campeonato nacional. Campo Mourão tem orgulho do basquete. Para mim, a Coamo é quem mais divulga o nome de Campo Mourão para o país de uma forma positiva. Depois, vem o basquete. Atualmente, no meio esportivo, todos que jogam ou acompanham o basquete, sabem que Campo Mourão tem um trabalho organizado e vencedor. Isso me faz sentir muito bem, pois sei que apesar de hoje estar afastado, tive minha parcela de contribuição para que isso acontecesse. Sinto-me realizado, afinal, muitas pessoas me conhecem como o “China do Basquete” pelo que construí junto à modalidade. Revista Metrópole. Texto Renato Lopes.
Fotografia: Fernando Nunes.

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