13 de nov. de 2013

COLUNA DO MACIEL: A ambição e a ambivalência

Além do som parecido entre as duas palavras que integram o título acima – Ambição Ambivalência – elas possibilitam refletir sobre o significado de tais palavras, o emprego de ambas,  no cotidiano e no sentido pejorativo, ou não.
No dicionário, ambição significa: “desejo desmedido pelo poder, dinheiro; bens materiais; glória; obstinação intensa por algo; sucesso, pretensão; avidez”. Em termos de senso comum, correta ou depreciativamente empregado (ou compreendido), sobre “ambição” prepondera a concepção de um objetivo descomedido, desenfreado.
A palavra ambivalência, pelo som parecido com a palavra ambição., apareceu aqui não sei bem se: à toa; à-toa; ou atoa (para quem carecer esclarecimento, em Olhos, Vistos do Cotidiano, tentarei explicar sobre quando se emprega os três). Ambivalência significa “dois valores ou aspectos”; “vivência de sentimentos opostos”. 
 O ambicioso, a considerar os sinônimos acima citados, caiba preponderar uma conduta destituída de ética, portanto maléfica. Entretanto, ser ambicioso não pode comportar apenas tal emprego. É preciso considerar ser ambicioso, notadamente objetivando alcançar a glória, o sucesso ou uma conquista, o que não deixa de ser um propósito positivo, meritório.
A ambivalência casa com ambição pela duplicidade de propósitos, mais do que diferentes  podendo ser tão antagônicos que a longa distância que os separa possa torná-los rivais, sem qualquer hipótese de conciliação.
O escritor francês Marcel Pagnol, ao afirmar que “a ambição é a riqueza dos pobres” fez uma constatação sem demérito, e tendo a ver com a única condição que pode restar ao ser humano, a esperança, ela que afasta a pobreza de (e do) espírito, ainda que não provoque o desfazimento imediato da carência material. Além da citação posta logo abaixo do título de hoje, valho-me do dramaturgo irlandês e grande frasista, Oscar Wilde afirma: “A ambição é o último refúgio de todo o fracassado”, é quando alguém não atinge certo propósito de grande significação almejada, restou-lhe dizer que “nada como um dia após o outro”, como renovação da esperança.
É o dilema, ter ambição “demais” pode ser ruim para o próprio ambicioso, e para outras pessoas, sobretudo quando ele não mede esforços e não se importa com escrúpulos. Entretanto, não ter ambição alguma é ser árido, apático, acomodado e, a depender dos casos, tomado pela desídia.
A ambição pode ser uma pretensão exagerada e não tê-la pode ser a ausência de utopia,  o medo de sonhar e de buscar tornar realidade o que se tenha descortinado.
Fases de Fazer Frases (I)
Despido da despedida pedida, tudo pendia (se) dependia do dia que não se adia.
Fases de Fazer Frases (II)
 A noviça na novena de novembro com o novelo da novidade para o noviço.
Fases de Fazer Frases (III)
Quem é escorreito no uso do vocabulário não escorrega com a língua.     
Fases de Fazer Frases (IV)                         
Secam primeiro as lágrimas por causa do perdão ou do esquecimento? Perdoar é esquecer.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
 Retomando ao que está escrito no texto principal da Coluna de hoje, eis aqui o emprego correto das três situações, cada qual com a sua toada: “À toa” (sem hífen) diz respeito ao que não tem rumo, a esmo; “À-toa (com hífen) significa o que não tem valor; inútil; ruim; E finalmente, quanto “atoa” (escrito sem separação ou hífen) é pouquíssimo usado atualmente e se refere ao que é levado a reboque.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
O vereador de Londrina Gaúcho Tamarrado (PDT) participou recentemente de um torneio de bilhar, no exato momento em que era realizado uma sessão da Câmara daquela cidade. Ele lá não compareceu e, para não levar falta, apresentou um atestado médico informando que ele passou por uma cirurgia nos olhos. A notícia com imagens foi dada pela Folha de Londrina e repercute em todo o Brasil. É, quem tem mesmo que abrir os olhos é o povo contra este tipo de político que ela mesma escolhe.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo começará a testar em 28 macacos uma vacina contra o vírus HIV. Vai aparecer quem tentará livrar os macacos da experiência? “Macacos me mordam”, faz lembrar (embora noutros contextos) os enfáticos aforismos propalados pelo aposentado Fraterno Maria Nunes – acho que ele nunca usou macacão -  sempre a exclamar que o homem é descendente dos macacos.
Reminiscências em Preto e Branco
 As cinzas do fogão à lenha eram colocadas no ferro de passar roupa, lá na roça. O tempo passado vira cinzas que, no menor assopro das reminiscências, faz voltar o brilho da saudade feita brasa, vestida em tudo aquilo que se passa como memória férrea.    
José Eugênio Maciel, escritor, membro da Academia Mourãoense de Letras, socíólogo, professor e advogado.

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