28 de out. de 2012

O ANO DA FÉ, por Dom Orlando Brandes, arcebispo de Londrina


O ano da fé nos quer conduzir ao deserto, isto é, à oração, à meditação e ao silêncio. Sem fé o sal se torna insípido e a luz fica escondida ou se apaga. Precisamos voltar ao poço, a exemplo da samaritana, para ouvir Jesus, beber de sua fonte e nele crer. Readquirir o gosto de nos alimentar com a Palavra de Deus e com o pão da vida, será um fruto especial do ano da fé.
Iremos celebrar durante o ano da fé os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano 2º e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica. Certamente esses documentos irão fazer brilhar a força e a beleza da fé. O maior objetivo, porém, é a conversão, a renovação, a santificação da Igreja. Sempre precisamos de penitência e renovação pessoal, para dar testemunho da fé.
Como a fé se manifesta na caridade, o ano da fé tem uma dimensão social, transformadora, caritativa. A fé nos faz ver o rosto de Cristo no rosto dos pobres, excluídos, marginalizados. ''A fé sem obras é morta'' (cf. Tg 2, 14-18).
O papa Bento 16 pede que celebremos o ano da fé de maneira digna e fecunda e que o credo com seus 12 artigos, possa ressoar em nossas mentes e corações, lembrado nos nossos leitos, falado em nossas praças, rezado nas refeições e nas vigílias.
Seja, pois a fé professada, celebrada, vivida, rezada nas catedrais, nas igrejas, nas casas, nos meios de comunicação. Haja homílias, catequeses, cursos, eventos, estudos sobre a fé, para que cresça nossa convicção, nossa confiança e nossa esperança.
Celebrar, refletir e viver a fé é o que a Igreja espera de nós. Cremos com a fé da Igreja. Nosso ato de fé é adesão, entrega, confiança em Deus e, ao mesmo tempo, é assentimento da mente e da vontade aos conteúdos da fé, ensinados pela Igreja.
Há uma dimensão eclesial, comunitária e pública da fé. Crer é um ato pessoal mas, não privado. Creio com a fé da Igreja que recebi no batismo.
Com gratidão, alegria e empenho celebremos o ano da fé, pois se trata de um acontecimento providencial e necessário para nossos tempos. Ajude-nos o testemunho de fé de Maria, dos apóstolos, dos mártires, dos discípulos, dos homens e mulheres que no decorrer dos séculos confessaram a beleza de seguir Cristo. Abramos as portas do coração e entremos pela porta da fé, caminhando na estrada de Jesus, consumador da nossa fé.
Temos o dever de proteger a fé e o direito de professá-la. Há, porém, o perigo de perdê-la. A cultura moderna dificulta a transmissão e a vivência da fé, além de facilitar e promover os pecados contra a mesma.
Nossa geração em geral é incrédula, secularizada, laicista. Criamos ídolos e os adoramos no lugar de Deus tais como seja o prazer, o ter, o poder. Não podemos mais supor a fé do homem moderno. É preciso sim propor-lhe o credo como um tesouro, uma sabedoria, uma bússola, uma iluminação.
A fé faz ver o invisível e tudo é possível ao que crê. Revistamo-nos com a couraça e o escudo da fé para resistir ao mal. Jesus repetia constantemente esta frase: ''A tua fé te salvou''. Portanto, sejamos firmes, fortes e inabaláveis na fé. Que o Senhor nunca se queixe de nossa falta de fé dizendo: ''Oh geração incrédula'', ou ainda, ''como sois tardos para crer, homens de pouca fé''.
Dom Orlando Brandes, arcebispo de Londrina.

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