7 de set. de 2012

PROFESSORA CIDA FREITAS: Minha Pátria!


Lembro-me com saudade de nossas aulas de Educação Moral e Cívica. Plantavam-se valores morais e cívicos no coração e mente dos estudantes. Os símbolos nacionais eram respeitados. O termo Pátria fazia sentido para nós.
Passou o tempo. Com a desculpa de erradicar o militarismo que impunha a seu modo o amor ao Brasil, erradicaram também o sentido de Pátria, os símbolos nacionais perderam o valor, a Bandeira Nacional passou a ser uma simples bandeira para se levar ao jogo de futebol assim como se levam bandeiras do Corinthians, do São Paulo, do Palmeiras (...).
Quando os valores se perdem, instalam-se os contravalores. Então, a exemplo do terreno vazio onde a praga prolifera porque não se plantam boas sementes, o Brasil, terreno vazio e fértil, viu proliferar a praga da corrupção, do desmando, da injustiça social, da falta de vergonha generalizada.
Sem qualquer ufanismo, sabemos que é necessário plantar e cultivar os valores da dignidade, da justiça, do amor à terra em que nascemos e vivemos.
A cultura do “toma lá dá cá” criou uma mentalidade esquisita: Aqueles que possuem padrão de vida mais favorável não se incomodam com o que se passa a sua volta porque não se sentem responsáveis pelas mazelas que dilapidam o País. E quem é pobre vive como vassalo a agradecer a majestade pelas bolsas que recebem conforme o número de filhos. Quanto mais filho melhor, pois vem lá mais um dinheirinho para ajudar “os coitados” dos pais que não têm condições de sustentar a própria família. Já, para os políticos de meia pataca, quanto mais gente melhor e quanto mais pobres melhor ainda, pois esses se vendem por qualquer dinheiro, por qualquer promessa de emprego, por um caminhão de terra ou por uma dentadura.
É preciso saber que pobre não é somente aquele que não tem dinheiro. Ele não tem dinheiro porque não tem um emprego digno e não tem emprego digno porque vive à margem do conhecimento. Sem conhecimento ele se deixa engabelar por agrados e promessas e ainda agradecem seus “benfeitores”, pessoas doentes pelo poder que não conseguem enxergar além de si mesmas. É possível que políticos desse tipo pensem mesmo em investir na Educação? – E vão matar sua galinha dos ovos de ouro?
Qualquer pessoa normal sabe que a ignorância é irmã da miséria e a miséria é o prato cheio dos políticos de meia pataca. Por que será? – Porque onde a miséria impera, o senso crítico não se cria. – Por isso é que em época de eleições há uma corrida para os bairros mais pobres.
Há candidatos/candidatas que abraçam as mulheres mais simples da periferia, mesmo aquelas que não usam desodorante. E abraçam com “uma emoção” de fazer rir. Crianças pobres, as mesmas que sofrem todo tipo de violência imposta pela pobreza, se veem de repente nos braços de pessoas “importantes” , pessoas que nunca viram na vida. Algumas são beijadas mesmo que estejam com o nariz escorrendo e com as fraldas em situação duvidosa. Tudo pelo poder. E os pais então, eles que na verdade interessam porque são eles que votam, recebem “uma ajudinha financeira” por baixo dos panos. E até se orgulham de “pegar na mão” dessa gente “importante”! Mal sabem eles que os presentes que recebem agora são a escola falida de seus filhos; o remédio que falta nos postos de saúde, o atendimento médico de terceira, a perpetuação da pobreza.
Nesse cenário, muita gente fica como barata tonta. Sabe que precisa escolher o melhor, mas não consegue se livrar do cabresto e dos agrados. Triste verdade!
Estamos na Semana da Pátria! Eu queria que estivéssemos na década da Pátria ou no século da Pátria quando todos os esforços fossem no sentido de perceber que a Pátria somos nós, os brasileiros e que a qualidade de brasileiro determina o sentido de Pátria.
Quando criança, eu sonhava com uma pátria livre da miséria, da injustiça... Esse sonho me persegue ainda. Continuarei sonhando, pois a realidade é antes um sonho.
“Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil”.
Cida Freitas, professora, empresária, escritora e membroda Academia Mourãonese de Letras.

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