14 de nov. de 2011

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: Onda de denuncismo?


Em tempos desvairados com este em que vivemos, acontecem coisas que parecem roteiro de filmes já visto..., na nossa frágil democracia. Mais uma denuncia sai na imprensa, mais um ministro esperneando, alardeando sua inocência, a perseguição dos inimigos e da imprensa “bandida”, o partido “bola" da vez das denúncias ameaçando deixar a base aliada do governo...
Apesar disto, aí vem à queda do sétimo ministro de Dilma... até agora. E este esperneou bem "Duvido que a Dilma me tire, ela me conhece muito bem", disse Lupi. "Para me tirar, só abatido a bala. E precisa ser bala forte porque eu sou pesadão. Mas foi obrigado a se desdizer no dia seguinte. Irritada com as declarações, Dilma mandou a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, dar um recado a Lupi: num regime democrático presidencialista como o nosso, quem nomeia e demite é a presidente, que exigiu uma retratação. "Me empolguei, sou humano", admitiu ele mais tarde. O PDT também recuou da ameaça de sair da base aliada, se ele cair.
E nós brasileiros calados, aceitando tudo. Parece mesmo que desaprendemos a protestar, ou pelo menos que não sabemos escolher as causas de nossas “revoluções”, de nossos protestos. Os estudantes da melhor universidade da América Latina, onde só entram os alunos preparados nas melhores escolas e cursinhos... particulares, que deveria ser a elite pensante do país democrático, prega uma “revolução”. "Pessoal, a gente pode estar a poucos dias de desencadear um processo de revolução sem volta. Isso é fazer história!" – Rafael, estudante da Letras da USP, um dos fundadores do Movimento Negação da Negação publicado no– O Estado de S. Paulo, dia06-11-2011. O mesmo jornal mostra que os “revolucionários” de agora reconhecem as suas origens: “Meu papi paga tudo p/mim! Por isso tenho tempo p/ ser revolucionário” – cartaz de um manifestante na ocupação da reitoria da USP.
Não se pode tomar 72 “revolucionários sem rosto” por 82 mil estudantes. Nem 82 mil estudantes podem ser confundidos com 72 defensores da liberdade... de fumar maconha. A turma dos sem-rosto, desalojada da reitoria (12 dias) após descumprir determinação judicial, foi presa, mas já não está em cana. Os “sem-nada” dos movimentos sociais, das centrais sindicais (financiados pelo governo=pelo povo= nós) pagou a fiança de R$ 39.240 dos “com tudo”. Pagamos também o custo da operação que envolveu mais de 400 policiais, carros, cavalos, helicóptero...
E agora os jovens rebeldes sem causa, a “esperança do Brasil” pregam uma greve... contra o que mesmo? Divulgaram uma pauta de reivindicações: a revogação do convênio que levou a PM ao campus da USP depois que um aluno foi assassinado, em maio; a libertação (já ocorreu) dos 72 amotinados da reitoria e a extinção dos processos-criminais e administrativos; o afastamento do reitor. O que era um problema interno de uma Universidade agora virou caso jurídico. Na esfera criminal, a ausência de punição depende da Justiça, não da USP. Houve flagrante de depredação do patrimônio público e descumprimento de ordem judicial. Quanta energia perdida...
Quanto ao novo plano de segurança, se a PM for embora, quem irá prover segurança à estudantada, os pós-revolucionários? Mas a segurança dos brasileiros vai agradecer pela liberação dos policiais que estão fazendo falta para o Brasil...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-

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