30 de abr. de 2011

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: 29 anos sendo os olhos e ouvidos do povo...



“Se dependesse de decisão minha termos um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a segunda alternativa”. Carta de Thomas Jefferson (1743-1826) a Edward Warringt.
Que pena que muitos políticos atualmente pensem ao contrário, fazendo
tudo o que podem para silenciar a imprensa, chegando a ponto de se apropriar do gravador do repórter, considerar “bullying” a pergunta sobre a aposentadoria como ex-governador... Realmente os tempos, os valores estão muito mudados... E como...
E aqui no centro oeste do Paraná, quanta mudança a nossa “gazetinha” registrou em tão pouco tempo! Quando há 29 anos a gazeta do Centro Oeste começou a circular em Campo Mourão, a realidade era bem diferente de hoje. Não existe mais o outdoor na entrada da única estrada asfaltada anunciando que Campo Mourão era o maior entroncamento rodoviário, obra do visionário prefeito Horácio Amaral. Também as estradas de terra perigosas, barrentas na chuva, empoeiradas no sol, foram aos pouco sendo asfaltadas... outras aguardam o trabalho dos políticos. Campo Mourão também cresceu, está mais limpa, nem lembramos mais das tempestades de pó vermelho produzidas no tempo das terras reviradas pelos tratores, que atormentavam a todas nós, donas de casa. Hoje, a alternância das lavouras de inverno e verão, a terra bem cuidado, o plantio direto, fazem da região de Campo Mourão um modelo agrícola para o mundo. A gazetinha registrou as mudanças na cidade e no campo, as mudanças nos ciclos da cultura do café, do algodão que empregavam milhares de trabalhadores. Infelizmente, a geada, o preço, a política econômica inviabilizou o plantio, o êxodo rural esvaziou o campo, encheu as periferias das cidades, aumentou os problemas sociais... E a gazetinha registrando tudo, sendo os olhos e ouvidos do povo...
Registrou as alternâncias de poder político, as vitórias e as derrotas, as conquistas e os fracassos, as alegrias e as tristezas, os anúncios e as denúncias... Político que se queixa do noticiário, da imprensa é como comandante de navio que reclama da existência do mar. Os jornais por vezes parecem, de fato, rascunhos do dia. Mas quem os passa a sujo não são os repórteres. Quem fornece a lenha para a fogueira interminável de denúncias é a classe política que continua agindo ao arrepio da lei, certos da impunidade, perdoados e reconduzidos aos cargos pelo eleitor e os julgados por falta de ética se tornam até membros de comissão de “ética”... Se sentem “todo poderosos” acima de qualquer julgamento, esquecem que seus gordos salários são pagos pelos suados impostos dos p ovo.
Há erros no noticiário? Claro que sim. Há exageros? Evidente que sim. Porém, é melhor conviver com o noticiário imperfeito, do que ser privado da informação, que, se não fosse a imprensa livre, continuaria cego e surdo, desconhecendo a real verdade dos fatos.
Democracia brasileira tem que defender todos os seus instrumentos de controle da administração pública, especialmente a imprensa séria e livre como a GAZETA DO CENTRO OESTE faz com tanto carinho e dedicação de seus diretores Aroldo (foto)e Sonia. Quem governa com seriedade deve aproveitar dos olhos e ouvidos dos jornalistas para acertar os passos de seu governo e administrar com seriedade, justiça, imparcialidade, honestidade... pensando no bem do povo e não apenas em garantir o resultado das próximas eleições, a permanência no poder.
Parabéns a Sonia, ao Aroldo, aos funcionários, aos colaboradores que fazem essa imprensa séria, de resistência ao tempo e às mudanças acreditando firmemente que a verdade permanece. E que a “gazeta” possa continuar por muitos anos mais sendo, como define o Aurélio, uma “ Publicação periódica, noticiosa, literária, artística, política, em geral, da vida pública”.

Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br

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