11 de dez. de 2010

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: Quanta mudança! II


Sou do século passado, de um tempo onde as coisas eram simples, mas educadas, respeitosas. Nunca imaginei que um dia veria alunos jogando carteira em professor, batendo em orientador, ameaçando e tirando a vida de quem lhes devia ensinar a viver…
Que veria polícia “libertando” morros do Rio com tanques de guerra, capturando mais de 40 toneladas de drogas, munição pesada, de exército, tudo menos os traficantes que fugiram inexplicavelmente até pelos esgotos…
Sou do tempo em que os políticos não se sentiam humilhados em viajar em avião de carreira, carros, se hospedar na casa dos correligionários, seus amigos. Naquele tempo nem se pensava que a autonomia de voo do avião presidencial pudesse trazer humilhação ao nosso país. Gastar R$ 400 milhões na compra de outro avião presidencial quando apenas 18% das obras do PAC para 2010 foram concluídas, quando se prevê corte de 8% nas verbas para 2011…, isso sim é humilhação para o povo que , com essa verba, poderia ter mais 12 mil casas no programa Minha casa minha vida…
Humilhação seria a condição de vida de milhões de brasileiros, sem direito à educação, segurança e saúde e vendo bilhões de reais indo pro ralo através da corrupção. Humilhação é desrespeitar as leis, a constituição, os poderes, é usar do cargo para defender os interesses pessoais, partidários.
Humilhação era o pai ser chamado na escola para ouvir que seu filho tinha desacatado alguém. A verdade estava sempre na palavra do professor. O pai, com aquele seu olhar firme, que colocava respeito, sempre perguntava: O que você aprontou filho? E nunca: O que o professor fêz para você, filhinho….
Humilhação era descobrir alguma desonestidade de alguém, seja ele político, policial ou cidadão comum. Honra, respeito aos mais velhos, às autoridades, à palavra dada, honestidade, fidelidade, fé eram valores imperativos na sociedade.
Sou do tempo em que a palavra dos pais, professores, autoridades, padres, pastores, bispo era ouvida e acatada com respeito. Diante do senhor bispo a gente até ajoelhava, beijava o anel, chamava de excelência reverendíssimo… E quando havia problemas a serem resolvidos, (afinal que família não os tem), “a roupa suja”como se dizia, era lavada em casa, entre as quartos paredes …
Meu Deus, quanta mudança em tão pouco tempo! Desenvolvemos a economia, enchemos nossas vidas de coisas desnecessárias e nos perdemos no ESSENCIAL-VALORES ÉTICOS. Como resgatar os valores perdidos? Como ensinar aos nossos filhos, netos que vale a pena ser uma pessoa de bem, que honestidade, respeito, ética não é tolice, falta de esperteza? Que o negócio NÃO é levar vantagem em tudo… Que a verdade sempre aparece, que podemos enganar todos e até a nós mesmos, mas Deus conhece o nosso mais profundo ser, as nossas reais motivações. Ele nos vai julgar pelas pessoas/comunidades que unimos, agregamos, mostramos o caminho acima de tudo pelo nosso exemplo. Que Ele nos ilumine!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC.

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