27 de set. de 2010

COLUNA DO PROF. MACIEL: Quanto vale um mandato. Oposição ou situação.


“Na política, a verdade deve esperar o momento em que todos precisem dela”
Bjornstjerne Bjornson.

Embora tenha apelo eleitoral, seja pela emoção ou pela razão, existem discursos e posicionamentos que deveriam deixar todos indignados. O processo eleitoral, a disputa dentro de um vale tudo, quando tudo vale e pode não valer nada, candidatos e apoiadores buscam convencer o eleitor de uma espécie de alinhamento automático, quanto a ser oposição ou situação. “Ser ou não ser, eis a questão” política.

Ainda que possa ser razoável a motivação que levará a escolha, não deve ser esta a maior preocupação do eleitor. Ele deve escolher quem avaliar sejam os melhores, capazes a desempenhar um mandato comprometido com o próprio povo. Entretanto, as influências existem. Vota-se no fulano porque o sicrano o apóia. Mas os interesses sãos os mesmos? Acima dos interesses pessoais, de grupos, de partidos ou de concepções ideológicas, o político deve guiar todos os seus atos exercendo um mandato voltado para aspirações populares, aliás, “do povo, para o povo e pelo povo,” preceitua a nossa Constituição. É oportuno narrar alguns fatos que ilustrarão o quanto é fundamental que os dirigentes políticos tenham atitudes firmes e serenas que traduzam efetivamente os interesses do povo.

Amplamente noticiado nos últimos dias a atitude decente e robusta do advogado e ex-vice-prefeito mourãoense José Elmo Linhares. Na qualidade de provedor da Santa Casa que preside, colocou os interesses do Hospital, mais uma vez, acima de qualquer outro propósito. E, como foi noticiado, ele buscou a Justiça para ter assegurado os repasses ainda não feitos pela prefeitura. É público e notório que Elmo Linhares vem realizando um profícuo trabalho frente ao Hospital e que muitos recursos e verbas recebidos devem-se à influência dele pessoal e como integrante do PMDB, partido que está à frente da administração estadual e municipal. Elmo Linhares agiu colocando os interesses do Hospital, é bom que se frise novamente, levando a Justiça liminarmente reconhecer o direito da referida entidade. Sem ter capacidade para responder técnica e juridicamente, mas sempre tentando sair pela tangente, o prefeito Nelson Tureck alegou que o período eleitoral levou a tal briga. Desconversou, típico do seu populismo. Se a prefeitura não dispõe de recursos para honrar compromissos na área da saúde, o que dizer e esperar então?

Nos seus 38 anos de história a Fecilcam - Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão viveu um momento que mudaria em muito a sua trajetória. Há 23 anos ela foi estadualizada tendo em vista um projeto de lei apresentando à época pelo então deputado estadual Rubens Bueno. O governo estadual, preocupado com o precedente que abriria, pois outras instituições de ensino então municipais buscariam também a estadualização, vetou o mencionado plano de lei. Bueno colocou os interesses da região em um nível superior a qualquer outra razão e, mesmo sendo aliado do governo, conseguiu derrubar o veto. A Fecilcam passou a ser gratuita e em pouco tempo dobrou o número de estudantes. O governo estadual posteriormente reconheceu o fato da mobilização em torno da estadualização e passou a viabilizá-la

Oposição ao governo estadual, na Assembleia Legislativa o deputado Douglas Fabrício, entre outras atuações, critica abertamente o governo por não atender satisfatoriamente a região. Contudo, não deixa de apresentar emendas em favor, por exemplo, às Santas Casas de Campo Mourão e Goioerê. A questão da segurança pública já levou o parlamentar a fazer uma série de pronunciamentos denunciando os graves problemas, os números de homicídios bem ilustram um quadro lastimável e revoltante.

Embora tenham peculiaridades no tempo e na ação, Elmo, Rubens e Douglas pensam, agem e reafirmam suas condutas em favor dos interesses da nossa região, independentemente dos partidos e convicções, que, se preciso for, sem deixá-las de lado, ficaram, - como nos casos em questão -, em plano secundário, pois o que tem que se sobrepor são sentimentos legítimos da nossa gente. Elmo, Rubens e Douglas, contrastam com um tipo de situacionismo subserviente impregnado de sujeição tão submissa quanto bajulatória, que faz festa e se contenta com migalhas ou fica silente, ante à insegurança pública em nossa cidade e oito anos de governos federal e estadual que resultaram para a Fecilcam apenas um novo curso, (História), ainda assim proveniente de vagas remanejadas de outros cursos. E os foguetes da fanfarronice estariam guardados com a centésima promessa da centenária Boiadeira?

Um mandato eletivo ou não vale quando é exercido em favor do povo, assim como ele vale pouco ou nada quando a voz se cala, os gestos são pequenos ou omissivos e quando sobremodo a população é esquecida, salvo agora por causa das eleições.

Fases de Fazer Frases
Toda experiência é bem-vinda, que o diga a teoria.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Tramita na Câmara dos Deputados projeto de lei que prevê um ano de prisão para quem mentir nas informações concernentes ao currículo encaminhado para emprego. Ora, falsidade ideológica está prevista no Código Penal. Mas, caso já fosse lei, a candidata do PT à presidência já poderia estar na cadeia. É que a Dilma publicou no seu currículo ser “doutora em economia formada na UNICAMP”. E só se matriculou sem ter frequentado o curso. Após denúncia o “dado biográfico”, foi retirado do seu currículo.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Mesmo diante dos abusos eventuais, que devem ser evitados com rigor, as propagandas eleitorais não podem atrapalhar a visão do motorista e o caminhar do transeunte. Mas existem os que se aproveitam para descontar o desgosto da política e exageram, como amassar e fazer cara feita quando pegam um santinho, atirando-o no chão. Desrespeitam a pessoa que está trabalhando. E depois das eleições, as placas que atrapalham são verdadeiros obstáculos nas calçadas colocados pelos estabelecimentos comerciais e outros panfletos e placas, os abusos serão contidos? Aí já não é com a Justiça Eleitoral.

Reminiscências em Preto e Branco
A urna eletrônica biométrica foi testada com sucesso inicial. É possível que nas próximas eleições o eleitor só precise colocar o dedo para ser identificado e votar. O que está longe de acontecer é o eleitor achar que é possível botar o dedo a política.

José Eugênio Maciel, sociólogo, professor, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras. Escreve sua coluna aos domingos no jornal Tribuna do Interior, que é postada durante a semana no BLOG DO ILIVALDO DUARTE.

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