21 de jul. de 2010

COLUNA DO MACIEL: Ver no ipê florido.... inverno colorido


"O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem por ele passa indiferente”. Mário Quintana
Na rua onde moro, prefeito Devete de Paula Xavier
, entre as avenidas Capitão Índio Bandeira e Manoel Mendes de Camargo, existem três ipês roxos. Oficialmente a estação de agora é o inverno. Nem carece dizer, o clima é a prova cabal e abundante das temperaturas baixas com a chuva. A primavera virá. Sim, ela virá, todavia, resolveu nos lembrar pelos ipês, que se antecipam com as flores delicadas e abundantes.
Olho da janela do apartamento e dimensiono o espaço que eles ocupam, a beleza que se espraia em todos os seus galhos, ao mesmo tempo em que os ipês formam tapetes de flores caídas leve e delicadamente. Sábado passado resolvi parar diante de um deles para admirá-lo, olhava-o tocando o tronco. Também dali observava os outros dois do lado oposto da rua. Não sei quanto tempo fiquei assim nem como era meu olhar. Percebi algumas pessoas passarem tentando adivinhar porque eu olhava.
Quantos anos têm cada ipê roxo da minha rua? Quem os plantou? Eles foram cuidados pelo ser humano ou sozinhos enfrentaram adversidades do homem e do tempo? Além daqueles existem muitos espalhados pela cidade e já foram bem mais! A Tribuna premiou os leitores do Jornal recentemente com uma foto de um belo ipê roxo estampada na primeira página.
Quando não estão floridos, mesmo que não se possa dizer que a árvore é feia – mas bonita ela não é – o ipê “não serve para nada”, pois não tem folhas e se as tem são pequenas e ralas, seus troncos são “retorcidos”, as galhas parecem tem jeito desengonçado, não notá-los não seria uma insensibilidade humana reprovável.
É o antagonismo do ipê, feio, incólume aos olhos, sem sombra chega parecer uma árvore morta, mas de um coração enormemente bom quando flori, mesmo que ainda não seja primavera, tão intensamente lindo que há de compensar o tempo sem flores. Os da minha rua parecem que não serão incomodados, não existem prédios ou lojas que possam amanhã determinar a morte deles, para que um letreiro luminoso ocupe o lugar de “uma árvore que só atrapalha”, fazendo lembrar a proverbial ensinança árabe, “a árvore se entristece ao perceber que o cabo do machado é de madeira”.
Fases de Fazer Frases
Vive-se cada dia, pouco mais, ou menos. O tempo dirá sem (a) visar.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Indignação e lamento, árvores mortas diretamente ou mutiladas para que cheguem em breve ao fim, é comum em Campo Mourão. O Colégio Adventista, à entrada pela Avenida Capital Índio Bandeira, passa por reformas, ergueu-se uma enorme parede. Sobrou para os ligustros ali plantados há anos, as árvores foram cortadas em toda a copa, ficou o tronco. O paredão construído certamente vai receber pintura, letras garrafais com o nome do estabelecimento, que ensina “meio ambiente”. As árvores não foram cortadas no sábado, seria um pecado.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
“A esperteza quando é demais vira bicho e come o dono”, é o ditado mineiro, tantas vezes repetido aqui, mas novamente oportuno. Na semana dois fatos foram notícias. O primeiro é sobre a mulher que acreditou no conto do bilhete premiado e o comprou por 17 mil reais, tendo entregado o dinheiro à outra mulher dona do bilhete. Ao chegar à casa lotérica descobriu que o bilhete não valia nada, igual à mulher que lhe vendeu “por não ter conta em banco”. Bem feito! A que perdeu 17 mil quis tirar vantagem e deve acreditar em papai Noel. O outro fato, rapaz perdeu mais de mil reais em troca de um malote no qual ele receberia uma boa recompensa ao entregá-lo em determinado endereço, sobrou-lhe 50 reais. Bem feito para ele também. Ambos foram chorar na delegacia?
Reminiscências em Preto e Branco
A primeira vez que subi pelo elevador foi no Hotel Santa Maria, o então prédio mais alto de Campo Mourão por muitas décadas. Tenho uma foto tirada quando menino, na praça fiz questão que aparecesse o prédio aos fundos. Parabéns ao Hotel, 40 anos!
NOTA DO BLOG - A foto que ilustra a coluna foi feita por este blogueiro na estrada entre Engenheiro Beltrão e Quinta do Sol.
Coluna de José Eugênio Maciel, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras, publicada na edição de 18 de julho de 2010 no jornal Tribuna do Interior, de Campo Mourão.

Um comentário:

  1. Este ipê também não me passou despercebido, vejo-o quase todos os dias nesse trajeto. De fato uma obra prima que a natureza nos presenteia, somente um olhar sensível e perscrutador poderia fazer dele um motivo de inspiração. Lindo texto!

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