30 de jul. de 2010

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: A regra de ouro


Nestes tempos bicudos em que o vírus do medo e da descrença se espalha rapidamente, abalando nossas crenças nas intituições civis é necessário refletir sobre os valores éticos da vida, das intituições e até mesmo das religiões. Nunca as igrejas, religiões e seus representantes foram tão criticados buscando a sua desmoralização... E nunca foram tão necessários, essenciais para a construção da paz mundial, assim como foram fundamentais para a surgimento e orgenização das civilizações.
Durante toda a história da humanidade, nos diferentes agrupamentos humanos desenvolveram-se noções de um convívio saudável e de uma vida bem-sucedida para a pessoa. Em todas as culturas desenvolveram-se padrões éticos para o comportamento: uma ética (ou ethos) elementar. Assim, "é sobre o fundamento desses padrões ou parâmetros éticos em comum, a chamada 'ética mundial', que os seres humanos de todas as culturas e nações podem viver e trabalhar juntas em favor de um mundo mais pacífico e mais justo", afirma o teólogo alemão Hans Kung.
Foram principalmente as religiões e as filosofias que concretizaram e sistematizaram esses parâmetros, e pode-se descobrir os traços comuns presentes na ética das várias religiões e filosofias. Um dos pequenos exemplos dessa constante nas religiões é a chamada "regra de ouro", que está presente nos fundamentos das grandes tradições religiosas mundiais.Temos que buscar as respostas das grandes tradições religiosas aos desafios éticos do mundo de hoje .
A paz só podem ser alcançadas quando as relações não estão marcadas pela violência, quando diálogo e cooperação assumem um lugar mais importante que agressão e confrontação. Ou seja, a religião, a política e a diplomacia precisam de regras de comportamento ético. A ética está presente nas grandes tradições religiosas, especialmente com suas características locais, diante dos desafios éticos e sociais de hoje.
As religiões só podem contribuir para a paz da humanidade se puderem chegar a um consenso básico sobre valores obrigatórios e atitudes pessoais básicas. A ética mundial é o fio condutor, como um ponto de integração da herança ética da humanidade e de suas tradições religiosas. “Só se pode promover a paz mundial mediante uma aliança entre pessoas eticamente inspiradas, por fontes religiosas e não-religiosas”, afirma Küng.
Comparemos a Regra de ouro das grandes Religiões:
- Cristianismo- “Tudo aquilo que quereis que os homens façam a vós, fazei-o vós mesmos a eles."Mateus 7,12; Lucas 6, 3.
- Hinduísmo- “Não se deve agir em relação ao outro de um modo que seja desagradável para si mesmo: é esta a essência da moralidade."
Mahabharata XIII 114,8.
- Jainismo- "Os seres humanos deveriam ser indiferentes às coisas mundanas e tratar todas as criaturas do mundo como eles mesmos desejariam ser tratados."
Sutrakritanga I. 11.33.
- Religiões Chinesas- "O que tu mesmo não queres, não faças a outras pessoas."
Confúcio, Diálogos 15,23.
- Budismo- "Um estado que não é agradável ou aprazível para mim também não será para ele; e como posso impor ao outro um estado que não é agradável ou aprazível para mim?" Samyutta Nikaya V, 353.35-342.2.
- Judaísmo- "Não faças aos outros o que não queres que eles façam a ti." Rabi Hillel, Sabbat 31ª.
- Islamismo- "Ninguém é crente enquanto não desejar a seu irmão o que deseja para si mesmo." Quarenta Hadithe de an-Nawawi, 13.
Que possamos enxergar mais longe, como águias, além de nossos preconceitos e unirmo-nos na construção da tão sonhada ÉTICA essencial para a PAZ do mundo! Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br .

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