9 de jul. de 2010

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: Mangia que te fa bene!!!


Mais uma novela que resgata um pouco das origens italiana de muitos brasileiros, inclusive da minha família. E ou ouvir tantas expressões italianas abrasileiradas vem uma saudades do sotaque dos nonos, das frases ouvidas inúmeras vezes e que formaram o nosso jeito de ser, de ver, de sentir a vida...
“Mangia, mangia que te fa bene” era uma das expressões que os nonos, os pais diziam sempre a mesa, onde a comida era farta, feita na maioria de tudo que era produzido nos quintais, nas hortas no fundo das casas. E mesmo sendo grande a fartura nada se perdia pois era reaproveitado, distribuído entre os vizinhos, parentes. E quanta conserva de frutas verduras enchiam as despensas. Cresci vendo minha mãe reaproveitar os alimentos, as roupas, as sobras de tudo que viravam alimentos para os animais, compostagem para as plantas. Nada se perdia, tudo se transformava.
A fama dos italianos serem econômicos, mão fechadas, se explica pela dureza da vida vivida pelos antepassados que para cá vieram “com uma mão na frente, outra atrás”, “comendo o pão que o diabo amassou” mas sempre com esperança e muita fé nesta nova pátria que ajudaram a contruir.
E uma alegria ver, Carlo Petrini, um grande cozinheiro italiano dizer: "É preciso retornar à cozinha das sobras. O alimento é precioso, tem valor e não apenas preço.contra o desperdício no campo alimentar. Para nós, para o Planeta e para quem tem uma necessidade atroz. Que a tradição se renove e que demonstre a sua modernidade."“Não é apenas iluminador porque nos ensina o valor da economia, da reutilização e da reciclagem, porque é um hino contra o desperdício que nos atormenta sempre mais e porque é uma bofetada na pobreza e na crise (4.000 toneladas de alimentos comestíveis jogados fora todos os dias apenas na Itália!), mas também é um símbolo de partilha e de pertença a uma comunidade. é preciso retornar à cozinha das sobras, ser parcimoniosos com os alimentos, nà £o quando os compramos avaliando meticulosamente poucos centavos que são decisivos para a renda do agricultor, mas sim depois que os colocamos na geladeira, antes de jogá-los fora.”
Ele conclama os chefs, “os cozinheiros mais vanguardistas tentassem também se aventurar na questão do desperdício. Visto que eles são os atuais protetores preciosos e justamente celebrados do nosso "savoir faire" culinário (uma vez eram as avós, mas os tempos mudam), seria belíssimo que eles nos presenteassem alguma novidade também nesse campo. Nunca acabaremos de lhes ser gratos. Publiquemos juntos um livro sobre as receitas das sobras: poderia ser o início do futuro da gastronomia, partindo do passado.”
Realmente, nossos antepassados nos ensinaram que o alimento é precioso, tem ‘valor e não apenas preço, que podemos jogar fora coisas geniais daquilo que nos sobra. Nos ensinaram o significado social dos alimentos, a reciprocid ade, a partilha que, em tempos de crise muitas vezes dramática como eles viveram, se torna um elemento econômico revolucionário.
Busquemos, na nossa pequena parte, fazer o aproveitamento na nossa casa, numa luta contra o desperdício no campo alimentar. Será uma bênção para nós, para o Planeta e para os necessitados. O mundo tem fome e nós somos os campeões na produção de alimentos, mas também no desperdício. Que a tradição se renove e que demonstre a sua modernidade.
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br

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