11 de abr. de 2009

O tripé da educação de nossos filhos, com Nery Thomé

O engenheiro agrônomo e jornalista, Nery José Thomé, escreveu o artigo “ O tripé da educação de nosso filhos” na edição deste final de semana no jornal Tribuna, postado neste sábado aqui no BLOG. Mais uma leitura interessante para nossa reflexão sobre um assunto que desperta sempre a atenção de educadores, pais e filhos. Ótima leitura.

Dias desses, assisti a uma entrevista na qual um especialista em educação comentava, ironicamente, que nossa sociedade de consumo estava sentindo falta das figuras do “personal father” e “ personal mother”. O comentário foi feito para ilustrar o que explica o aumento de casos de violência nas escolas brasileiras.
Há algum tempo, a violência escolar virou manchete nos principais meios eletrônicos e impressos de comunicação. Em Campo Mourão, não é diferente. O Tribuna do Interior noticiou, há pouco mais de um mês, que agressão sofrida pela diretora da Escola Municipal Nicon Kopko, de um tio de alunos que estudam no local, causou medo e até a suspensão das atividades da escola durante alguns dias. Reuniões foram realizadas desde então com as autoridades de área educacional do município e algumas decisões tomadas para coibir a possível continuidade de atos violentos contra os profissionais que atuam naquela instituição.
O que revolta a sociedade é que é cada vez mais comum professores serem vítimas de diversos abusos cometidos por alunos ou responsáveis pelos mesmos.
A palavra inglesa Bullyng descreve outro cenário cada vez mais comum entre os estudantes: há o agressor, o aparentemente mais forte que, na vontade de demonstrar sua superioridade entre seus colegas e professores, busca suas vítimas, maltratando-as sem que ninguém se posicione contra tal atitude. Quando alguém resolve colocar um freio na situação – normalmente professores ou funcionários – sua resposta, até mesmo para perpetuar sua prática violenta, é se voltar contra a reprimenda através de xingamentos, ofensas pessoais e até atos mais violentos.
A situação chegou a tal nível que algumas escolas brasileiras precisaram implantar detector de metais para evitar a entrada de armas de fogo e armas brancas no ambiente escolar, tentando garantir a segurança dos estudantes, professores e funcionários.
Existe, inclusive, um Projeto de Lei (3585/08) na Câmara dos Deputados visando tornar obrigatória a instalação dos equipamentos em escolas públicas de todo país, instituições com mais de 500 alunos por turno, localizadas em cidades com mais de 100 mil habitantes.
Exagero? Nem tanto. Pesquisa realizada pela Unesco, órgão das Nações Unidas para Educação e Cultura, aponta que mais de 30% dos profissionais que atuam na educação residentes em seis capitais brasileiras já viram uma arma de fogo no ambiente escolar. No estudo, foram entrevistados 2400 profissionais, sendo que 86% deles admitiram haver violência em seu local de trabalho.
Quando se pergunta de quem é a responsabilidade por tal quadro, várias são as respostas, que podem começar na qualidade de ensino, mas, principalmente, no que ocorre no cotidiano escolar, pois professores e funcionários não foram preparados para solucionar conflitos, cada vez mais comuns, principalmente se for avaliado o histórico familiar dos estudantes. A violência que começa em casa, se repete na sala de aula e, infelizmente, os atuais métodos de controle comprovam cada vez mais sua ineficiência, explicando-se, daí, a necessidade de câmaras de segurança, detector de metais e outras medidas que parecem transformar nossas escolas em mini-presídios.
Há, na verdade, uma banalização da violência, que já começa pelo que nossos filhos assistem frente à tv ou jogam nos videogames em suas casas. A exclusão social também tem grande parcela de responsabilidade, pois vivemos num país com grande desigualdade social, competitividade pelo mercado de trabalho e supremacia de uns sobre os outros.
Outro fator fundamental é a falta de participação dos pais no processo de educação de seus filhos, que vai desde o acompanhamento da execução de tarefas e trabalhos, passa pela participação das reuniões escolares, entre outras ações que refletem o interesse dos pais pelos seus filhos.
A qualidade da educação de nossos filhos reside num tripé onde a escola é apenas um dos seus vértices. E você, vai deixar sua parte a cargo de um “personal father” e “ personal mother”?

Nery José Thomé, é engenheiro agrônomo e jornalista, escreve aos sábados no jornal Tribuna do Interior, de Campo Mourão e partir desta semana, sua coluna será postada aqui no BLOG DO ILIVALDO DUARTE.

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